quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Impressão Digital.1-Incendiarios.Por Francisco Moita Flores.Criminalista,e Presidente da Camara de Santarém.

Quem se der ao trabalho de comprar o conjunto de noticias sobre fogos em anos de grande incêndios e anos com menos calor perceberá alguns mecanismos psicologicos curiosos.As primeiras noticias não merecem grandes comentarios e são aceites com um resultado natural do clima.O fogo persiste por semanas,o cansaço instala-se,cresce a impotência perante a soberba do fogo,a que se somara as noticias sobre incêndios medonhos noutra parte do globo,e de repente,começam as acusações.
A procura do culpado.As noticias de 2007 indicaram com primeira culpa a falta de cordenação da proteção civil,e a polémica.
Polémica sobre os aviões de combate as chamas,depois veio o governo com segundos culpados,a seguir mais culpados e,de subito,tudo se deve aos incêndiarios.Os mesmo mecanismo argumentativo,segue a narrativa de 2005 e,finalmente a de 2010.Estamos já no ponto de saturação em que toda a gente vê mãos criminosas em todo o lado.E é extraordinario com somos induzidos a pensar assim,sem pensar.Este é um tempo em que os governadores civis falam muito.Para dizer disparates.E um deles,que tutela a serra da Estrela,dizia com o despudor dos impotentes que aquilo só podia ser fogo posto.Uma certeza divina !Porém,vale a pena descer à terra e deixar aos comentarios estéreis!Essa arte do hesterismo tonto e do encher é para outros,da negociata e do oportunismo.Só haverá uma solução para terminar com os fogos.Empurrar o país para outras latitudes mais frias.É uma impossibelidade e daí ser obrigatório aprender a viver com o fogo.Estamos numa região do mando onde as temperaturas chegam aos quarenta graus,em que a humidade desapareceu quase até ao gero.Como noutros países:Uns mais ricos, outros mais pobres.Todos flagelados pelo fogo.E quando o vento se mistura a esta secura sabe-se que a calamidade chega.Ponto final.Aprender esta ideia é o primeiro passo para seguir em frente.E vamos aos culpados que tanto gostamos de procurar e apontamos o dedo.Seguramente alguns incêndiarios.
Defenitivamente todos nós.
Que adoramos a floresta quando arde e a desleixamos nos restantes dez meses do ano.E a mal tratamos.E a violamos.E a distruimos.E nao temos decência de assumir a nossa ignorância e a indeferente brutalidade com que a esquecemos.Todos!Não existem inocentes neste fenómeno que é nosso,históricamente portugues,conhecido e que sempre volta em cada verão,ao nosso convívio.O grave erro de todos os governos,todos sem excepção,e nao sei se algum dia será diferente,estar no ordenamento.Passamos de oito para oitenta.

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