sábado, 12 de setembro de 2009

Chaminés



Rolava o famoso ano de 1968, com greves gerais por toda a França e aqui nestas chaminés ainda existia a força do fumo que brotava devido à cozedura de peças de barro, e pela última vez depois do meu regresso da guerra de Angola, o meu pai tinha o forno cheio de loiça para cozer. Acontece que depois de uma noitada fui deitar o lume ao forno à meia noite, quando o meu pai chega de manhã para iniciar o trabalho, e já a loiça estava cozida.
Estes dois fornos ainda se encontram num estado razoavelmente estimado. É dono do mesmo os herdeiros do senhor Joaquim dos Santos, este já falecido, que também era oleiro.
Por isso se diga, passaram milhares de peças de olaria por estes dois fornos ligeiramente mais modernos que o anterior.

Forno Antigo



Este forno que temos na foto deixou de funcionar há cerca de sessenta anos. Ainda me me lembro perfeitamente na minha infância, vê-lo deitar fortes quantidades de fumo capaz de abafar toda a população.
Inevitável, por aqui passaram muitos milhares de peças de olaria afim de serem cosidas a temperatura de mil graus e depois comercializadas em toda a zona da Beira Baixa. Apesar do muito uso, está razoavelmente estimado, porque nunca mais teve uso para o que fora destinado devido à arte de oleiro praticamente se encontrar extinta na nossa Aldeia.
Ultimamente até serviu de habitação a um homem que se desequilibrou com a esposa, e como ficou sem tecto encontrou aqui abrigo, até que se ausentou da Aldeia rumando a outras paragens.

Casa Senhorial e Capela




No interior desta paredes, e depois desta porta ser aberta, existe uma capela com altar e no espaço de vinte e cinco metros quadrados, pela última vez os familiares das pessoas falecidas vêm aqui venerar os seus entes queridos, e pela última vez.
Na parte superior da capela existe um brasão desde há séculos. E era em redor desta casa senhorial que existia uma grande propriedade agrícola que pertenceu à família Aires de Lima dissidentes de pessoas ilustres, e com algum poder monetário.

Abundou em redor desta casa uma fonte de rendimento desde a pastorícia até à produção de produtos horticulturas durante muitos anos. Hoje este belo património pertence ao povo da aldeia do Telhado, desde a sua ocupação após o 25 de Abril por influência do Senhor Doutor Gascão, ilustre advogado já falecido.